O brilho Na Rua

Todos os dias quando volto da facul, de noite, encontro
um Senhor de seus 40 e poucos anos na esquina. Faça chuva ou frio, seja lá o que estiver passando na TV, ele está la. De segunda a sexta, as 22:30 horas.
Nunca soube o que ele fazia ali. Esperando ônibus não era.
Mas ontem eu descobri.
Eu até pensei que ontem ele estava sorrindo pra mim.
Mas o sorriso dele era de uma felicidade tal e de um brilho nos olhos que me fez refletir, pq alguém estaria tão feliz, parado sozinho no frio, num local tão ermo?
Continuei meus passos e parei um pouco além da calçada e lá estava ele de maozinha dadas com um senhora gorda e feia, nos seus 40 e poucos anos também.
Agora entendia o brilho ofuscante daquele olhar e também compreendi que muitos relacionamentos acabam por causa desta lição silenciosa que eu aprendi ontem à noite voltando da minha prova.
Ele se doa todos os dias.
Poderia bem ficar em casa, debaixo das cobertas, correndo do frio Curitibano, ou assistindo programas favoritos de TV. Mas prefere, todos os dias, ficar lá na esquina, imóvel, se doando, mostrando para alguém o quanto ele se importava em dar aquele tempo, mesmo que para andar poucos passos de volta para casa.
Não era a distância que importava.
Nem era a segurança, a porque nosso bairro é seguro.
Era simplesmente o amor.
Na mais simples das demonstrações.
E eu, claro... aprendi uma lição que faculdade nenhuma ensina.
O poder de doar-se.
Tenho eu esta capacidade, ou poderia desenvolvê-la? - pensei comigo mesmo procurando algum ponto luminoso no céu de nuvens cinzas.


Foi dificil dormir.
Meus olhos ainda estavam ofuscados por aquele brilho da rua, na escuridão nas nuvens que corriam pelo céu e pelo vento que soprava na minha janela.